Movimento, Luz e Corpo
Esta é a retomada do caminho que representou a minha grande escola de desenho, onde eduquei proporção, volume e tridimensão nessa relação harmônica que é a anatomia.
Passei por várias escolas, ateliês, aulas contemporâneas e acadêmicas. Em todas procurava traduzir meu olhar nesse universo, afinal, cada corpo é único, com suas individualidades, identidades e variações em cada movimento, tomando novas formas e abrindo um leque de singularidades, onde habitam sombras e luzes, princípios de poemas de volumes e contornos.
Nada é tão bonito quanto o corpo de uma mulher. Mais do que um tema, é instinto tatuado na psique do homem. É também música e seus movimentos são notas graduadas por luzes e sombras.
Por isso, em alguns trabalhos, uso tinta de ouro, como uma referência à luz lambendo a seda que representa a pele e o cabelo delicados de uma mulher.
Retratar a mulher e suas linhas é ser atraído pelos cruéis requintes dos labirintos da sedução. Às vezes, chego a pensar que toda a existência gira em torno dessa sedução, ora tão profunda que nos embriaga anestesiando os sentidos e nos levando ao êxtase.
Não é à toa que a mulher foi a primeira obra de arte feita e cultuada pelo homem como símbolo de fertilidade e reprodução: a Vênus de Willendorf. A partir dessa criação, milhares de variações e leituras tentam decifrar este mistério inesgotável que é a adoção pela deusa mulher.